sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O navegador e o cartógrafo

Eu insisto é verdade. Navego e insisto. Insisto por que não me enfastio de mim mesmo. Pois em mim há um outro. Um outro que insiste em viver e que decerto não nego em seu conteúdo.

Mas o diferencio por ser este "um outro". Um outro que vive em mim; um cartógrafo, que tem outras idéias, propósitos ou razões, apesar de corroer as mesmas vestes e vestir o mesmo corpo.

Este outro alguns dias vence. Alguns dias perde.

Quando ganha, pinta, bebe e escreve. Mas há dias em que venço. Raríssimos.

E algo de tudo isso eu faço. Faço completamente sem ele, apesar de entediar-me rápidamente.

Alguns dias o empate. Dormimos. Sonhamos um com o outro. Sem saber bem, quão espelhos, quão imagens somos verdadeiramente.

No jogo e no sonho a tensão; cabelos vermelhos nus como novidades, olhos de rainhas e é dia de limpar o lodo do abismo, abismo que eu descortinei. Abismo onde resolvi navegar com meu cartógrafo.

Quando o outro lhe convidar ao abismo: vá preparado. Lanternas, luzes, barraca de dormir, saudades.

Não há mapa a venda. E os que hão, da mão do cartógrafo nasceram; portanto não são confiáveis.

Sem mapas não se acham as ruivas.

E é exatamente por isto; que eu prefiro ser encontrado. Encontrado pela ruiva, por acá, acá no abismo.

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