sexta-feira, 17 de abril de 2009

Treinamento de Incêndio

Treinamento de incêndio!

Foi aí, que eles falaram a mesma coisa: fuja para o norte, fuja para o norte. Abre a primeira porta, vira a esquerda, dança, corre!

Naquele pedaço de vida, que ele descendo as escadas; assim, no canto daquele suicídio sem coragem, que ele e ela se fizeram.

De incêndio porra!

Mas era apenas um treinamento, de suicídio, de um incêndio... no canto da primeira porta. Vira a esquerda, corre, corre.

sábado, 4 de abril de 2009

Universitário de Merda

Aquele universitário de merda, era o mesmo que entendia quase tudo, a não ser o que não era ele próprio.

Aquele sarcasmo maldito escondido na terceira cárie, mas universitários não tem cárie. E era ele.

Aquela merda de tabaco ruim. Aquela dura, que eles tomaram. Mas eles eram brancos, brancos e estudavam na PUC.

O policial negro, o capitão do mato, que trata o povo, e o cartão de crédito de medicina com respeito, o juiz mulato, que pra ser exceção, resolve virar uma regra. Reacionária e régua, intransigente, que mede todos pela cor.

Os negros favelados que se fuderam e você só viu naquela página de jornal que o retardado da 406 limpou, sob você e seus risos, comerciais de tv, ali, assim, com famas nos olhos.

E ele, ele assim, no meio de tudo isto, que nem identificação de classe tem, mas já se posicionou, ele aquele merda ousado. Aquele hippie de botique, aquele filho da puta sujo. Sujo.

O oficial de justiça, que sob sete anos de concurso, consegue falar que só cumpre ordens, mas não diz que goza modesto quando tira o extrato do banco, ali, onde se esvai a justiça e o prazer, e avante, adiante de uma ereção do seu caráter curto, desdobra-se uma ética de onze, ou doze centímetros.

Aquele merda, empilhado na calçada, era teu pai, sem o pistolão da Evaristo Freitas, sem o coronel da Gracindo Farias, sem ajuda daquele teu avô canastrão e corno!

Aquela caixa de papelão, era tua tv, com big brother, com quatro arrabaldes de madeira, e ar-condicionado, com aquele corpo sujo estendido no chão, aquele que você estudou na aula de sociologia urbana.

Aquele universitário de merda, aquele merda no espelho, era você. Era você.

Aquele merdão, que sorriu sem graça e não gostou do conto, era você, era você, um homem relativo, empilhado, caráter curto, cego, com um cartão de crédito cretino sem cárie, e que passava pelos capitães do mato assim, completamente regorgitados.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Fronteiras

Nestas fronteiras, nossa fome não cabe
Linhas que inventaram, para manter
Nossos corações e corpos calados

O capitalismo é contra o amor
Ele odeia a felicidade

Encurtadas as distâncias, derrubadas as barreiras
Destruídos os feudos da urbe,
Urbe cinza de prazer castrado

Eu te saciaria
Tu viraria água
Eu sede

O capitalismo pois bem
Este monstro insensível

É contra o amor