O calor estava infernal, desceu com a mochila cheia, carregava uma caixa de papelão nas mãos, que não estava tão vazia, mas também não estava tão cheia; um porta-retrato velho, alguns enfeites de mesa, umas fotos, cartas recebidas, alguns livros de cabeceira, os preferidos e um ou outro material de escritório.
O sol provocativo, fazia-o repensar sua estratégia. Deveria ter saído mais cedo. Mas mais cedo quando? Sempre está quente esta época do ano. Não importa o horário. Ou calor ou inferno, nada muda muito por aqui.
Saudades do tempo em que sentiu frio. Quer dizer, vez ou outra sentia frio, mas não o frio físico, mas um incômodo emocional, uma sensação de desconforto ocasional, que podia ser rápidamente resolvida, ou com 1/10 de uma garrafa de vodka(má solução) ou nos momentos atuais(soluções boas), com um leve passeio, uma caneta e duas folhas de papel.
Em dias bons conseguia produzir cinco ou seis contos sem importância, nos dias ruins, apenas idéias escassas, nem sempre conseguia organizar sua própria inspiração, e é claro, ninguém consegue.
Doravante resolveu não permanecer nos mesmos círculos, literatos falidos, poetas amadores, beatniks de final de semana, isso tudo nunca na verdade lhe interessou; não institivamente.
Preenchia com letras as palavras, com palavras as frases, dava forma, reescrevia sua própria vida, sem medo? Sem risco? Tinha mais medo do que risco. Seus riscos eram fictícios. Na verdade, encarava-se vez ou outra no espelho e via realmente que teorizava sempre sob seus medos, não sob seus anseios. Mas fazem isso o tempo todo. Comportamento normal(o normal sempre é o que nós somos ou estamos - o diferente é o que não somos ou o que não estamos). E não era sobre isso que realmente importava. Os mecanismos que impediam toda a magia, que impediam as cores de retomarem seu ciclo, isto sim importava. Faltava paixão, vigor, amor, liberdade e alegria no mundo. Além disso faltava pão, escola, carinho, teto enquanto sobrava egoísmo, acumulação, hipocrisia, lucro e violência.
Estava enredado, enredado em todo o mecanismo. Era o que podemos chamar, de sua situação, condição de classe. Lembrava-se dela ao pegar ônibus, ao comprar leite(é mentira, ele detestava leite), no aumento da passagem, no aumento do pão.
Policiais para todo o lado, muito controle, e ele desfilava vez ou outra, pensando furtivamente(ainda não era crime pensar), cuidado sou perigoso... um dia haverá a justiça(vingança?).
Não era justo. Esperava no ponto de ônibus, perdera mais um. Caminhou 20 minutos(morava numa ladeira). O cabelo estava maior(dois salões faliram semana passada), o atrevimento também, o método inexistia! Para que método! Brainstorm. Escreva o que vier, como vier, quando vier. E quando puder não. Mesmo se não puder, escreva! É assim que funciona! Mesmo mentalmente, escreva mentalmente porra! Na fila do banco, no banco do metrô, na terceira colherada do almoço. Escreve gaijin.
Comeu um biscoito da sorte. Nada lhe disse de importante. Bebeu suco de maçã, óbviamente um comportamento pequeneníssimo-burguês. Ligou o ventilador de teto, escutou música clássica(no rádio), fez café, sentiu fome, estava sem dinheiro(ainda assim comportava-se como se tivesse algum - crise de identidade de classe).
Relaxou lá depois do décimo e segundo parágrafo, começou a rir, meio compulsivamente(ele era exagerado no que escrevia não no que fazia...) e pensou que se tudo desse certo escreveria romances, belos romances, talvez até um best-seller, uma apresentação em algum talk-show, se desse errado, bem... se desse errado voltaria a copiar os beatniks...
O sol provocativo, fazia-o repensar sua estratégia. Deveria ter saído mais cedo. Mas mais cedo quando? Sempre está quente esta época do ano. Não importa o horário. Ou calor ou inferno, nada muda muito por aqui.
Saudades do tempo em que sentiu frio. Quer dizer, vez ou outra sentia frio, mas não o frio físico, mas um incômodo emocional, uma sensação de desconforto ocasional, que podia ser rápidamente resolvida, ou com 1/10 de uma garrafa de vodka(má solução) ou nos momentos atuais(soluções boas), com um leve passeio, uma caneta e duas folhas de papel.
Em dias bons conseguia produzir cinco ou seis contos sem importância, nos dias ruins, apenas idéias escassas, nem sempre conseguia organizar sua própria inspiração, e é claro, ninguém consegue.
Doravante resolveu não permanecer nos mesmos círculos, literatos falidos, poetas amadores, beatniks de final de semana, isso tudo nunca na verdade lhe interessou; não institivamente.
Preenchia com letras as palavras, com palavras as frases, dava forma, reescrevia sua própria vida, sem medo? Sem risco? Tinha mais medo do que risco. Seus riscos eram fictícios. Na verdade, encarava-se vez ou outra no espelho e via realmente que teorizava sempre sob seus medos, não sob seus anseios. Mas fazem isso o tempo todo. Comportamento normal(o normal sempre é o que nós somos ou estamos - o diferente é o que não somos ou o que não estamos). E não era sobre isso que realmente importava. Os mecanismos que impediam toda a magia, que impediam as cores de retomarem seu ciclo, isto sim importava. Faltava paixão, vigor, amor, liberdade e alegria no mundo. Além disso faltava pão, escola, carinho, teto enquanto sobrava egoísmo, acumulação, hipocrisia, lucro e violência.
Estava enredado, enredado em todo o mecanismo. Era o que podemos chamar, de sua situação, condição de classe. Lembrava-se dela ao pegar ônibus, ao comprar leite(é mentira, ele detestava leite), no aumento da passagem, no aumento do pão.
Policiais para todo o lado, muito controle, e ele desfilava vez ou outra, pensando furtivamente(ainda não era crime pensar), cuidado sou perigoso... um dia haverá a justiça(vingança?).
Não era justo. Esperava no ponto de ônibus, perdera mais um. Caminhou 20 minutos(morava numa ladeira). O cabelo estava maior(dois salões faliram semana passada), o atrevimento também, o método inexistia! Para que método! Brainstorm. Escreva o que vier, como vier, quando vier. E quando puder não. Mesmo se não puder, escreva! É assim que funciona! Mesmo mentalmente, escreva mentalmente porra! Na fila do banco, no banco do metrô, na terceira colherada do almoço. Escreve gaijin.
Comeu um biscoito da sorte. Nada lhe disse de importante. Bebeu suco de maçã, óbviamente um comportamento pequeneníssimo-burguês. Ligou o ventilador de teto, escutou música clássica(no rádio), fez café, sentiu fome, estava sem dinheiro(ainda assim comportava-se como se tivesse algum - crise de identidade de classe).
Relaxou lá depois do décimo e segundo parágrafo, começou a rir, meio compulsivamente(ele era exagerado no que escrevia não no que fazia...) e pensou que se tudo desse certo escreveria romances, belos romances, talvez até um best-seller, uma apresentação em algum talk-show, se desse errado, bem... se desse errado voltaria a copiar os beatniks...
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