segunda-feira, 21 de abril de 2008

Revolver

Acendi a luz, só para ver as teclas da máquina de escrever; enquanto observava a nuvem esconder a lua, uma nuvem rosada como meu senso de auto-preservação, e surgiu em mim uma série de reflexões, reflexões não tão glamourosas, que por princípio preencheram parte do que eu desejava preencher, mas que na verdade, atentavam para a possibilidade desta ser uma noite muito original.

A luz parecia então suficiente; e foi assim,. que ignorei a lua e comecei a me concentrar na maldita máquina de escrever, e como um autômato incontrolável, perseguia cada tecla como se estivesse dominado pelo ódio, mas na verdade, apenas descarregara, parte da tensão acumulada, sobre um dia, ou dois, de luas, nuvens rosadas e princípios, em factíveis teclas de uma velha máquina de escrever.

E cá estava, fingindo equilíbrio, mas de certa maneira eu achava e sentia que estava realmente equilibrado. Eram quatro ou cinco da manhã, mas enquanto eu ajeitava o relógio biológico, e tentava escapar da insônia crônica que eu resolvi adotar como filha, parte, um pequena parcela de mim, infrigia as regras préviamente estabelecidas e resolvera recordar, recordar com a extremidade dos pulmões ou o fôlego dado aos poetas e vencidos.

Eu não podia mais fantasiar minha atual situação. O que eu queria era apenas esperar, esperar como todos os ansiolíticos aguardam algum tempo para agirem. Gostaria de esperar e saber realmente o que iria acontecer daqui para frente.

Por conta resolvi apenas desesperar-me em lembranças; em pedaços de investigação amnesíaca.

Por fim, transpareço uma calma e sernidade, que ainda, eu disse ainda, não são minhas...


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