Gosto de dormir no lado errado da cama; como e se houvesse o certo...
Jogo meu corpo, ocupo meu espaço desajeitado, balanço os meus pés, quase como se pudessem encontrar outros pés; movo minhas mãos, da esquerda para a direita, buscando-a, mas ela não está lá. Ela nunca está.
Gosto de usar óculos escuros no outono, no mormaço. Gosto de esconder-me e meus olhos, pois sou transparente demais.
Caminho entre o os transeuntes, observo e admiro os casais, acho graça e até me envergonho, e me emociono, quando aquela amálgama de desejo e simplicidade resolve traduzir parte de mim, numa estação de metrô, num beijo estalado no canto do pescoço(um outro pescoço) e acabam me revelando, assim meio tenso, meio apaixonado e sem paixão, um caminho iludido.
Gosto de pagar a passagem com moedas e sentir-me altruísta. Gosto de beber suco de laranja depois do almoço e gosto de ficar sozinho; comigo mesmo, pois ficar sozinho com outras pessoas, não é lá muito agradável.
Recorto os paralelepípedos, desligo os ventiladores, sinto saudades dela, aquela mesma, que nunca apareceu; almoço sozinho.
No encontro soturno da memória com o desejo, algo cai perdido por detrás do móvel da sala: aquele telefone não retornará, mas afinal não era preciso, se o fosse, o destino se encarregaria de reescrevê-lo numa sorveteria do centro da cidade, com um sorriso ruivo com gosto de creme.
Flanqueio-a e ela nem sabe que eu o faço, abraço-a e ela nem sente meu toque. Leio o Neruda mas ela não ouve.
Beijo-a e toco seus lábios carinhosos, meticulosas salivas que nunca se encontraram; sonho.
Não observo mais ninguém. Desisti nas estações e no ritmo do metrô.
Um recado escrito a lápis, colocado sabe-se como num bolso vazio, escrito em papel cartolina roxo indica:
"E por ser transparente demais, e por não estar de óculos no mormaço, por procurá-la cotidianamente no lado errado e no lado certo da cama, busco-a, e é por isto que ela nunca, nunca me encontra."
"Pois é preciso se desencontrar para permanecer sozinho", é o que eu anoto e completo no verso laranja do recado misterioso.
Jogo meu corpo, ocupo meu espaço desajeitado, balanço os meus pés, quase como se pudessem encontrar outros pés; movo minhas mãos, da esquerda para a direita, buscando-a, mas ela não está lá. Ela nunca está.
Gosto de usar óculos escuros no outono, no mormaço. Gosto de esconder-me e meus olhos, pois sou transparente demais.
Caminho entre o os transeuntes, observo e admiro os casais, acho graça e até me envergonho, e me emociono, quando aquela amálgama de desejo e simplicidade resolve traduzir parte de mim, numa estação de metrô, num beijo estalado no canto do pescoço(um outro pescoço) e acabam me revelando, assim meio tenso, meio apaixonado e sem paixão, um caminho iludido.
Gosto de pagar a passagem com moedas e sentir-me altruísta. Gosto de beber suco de laranja depois do almoço e gosto de ficar sozinho; comigo mesmo, pois ficar sozinho com outras pessoas, não é lá muito agradável.
Recorto os paralelepípedos, desligo os ventiladores, sinto saudades dela, aquela mesma, que nunca apareceu; almoço sozinho.
No encontro soturno da memória com o desejo, algo cai perdido por detrás do móvel da sala: aquele telefone não retornará, mas afinal não era preciso, se o fosse, o destino se encarregaria de reescrevê-lo numa sorveteria do centro da cidade, com um sorriso ruivo com gosto de creme.
Flanqueio-a e ela nem sabe que eu o faço, abraço-a e ela nem sente meu toque. Leio o Neruda mas ela não ouve.
Beijo-a e toco seus lábios carinhosos, meticulosas salivas que nunca se encontraram; sonho.
Não observo mais ninguém. Desisti nas estações e no ritmo do metrô.
Um recado escrito a lápis, colocado sabe-se como num bolso vazio, escrito em papel cartolina roxo indica:
"E por ser transparente demais, e por não estar de óculos no mormaço, por procurá-la cotidianamente no lado errado e no lado certo da cama, busco-a, e é por isto que ela nunca, nunca me encontra."
"Pois é preciso se desencontrar para permanecer sozinho", é o que eu anoto e completo no verso laranja do recado misterioso.
Um comentário:
"Gosto de dormir no lado errado da cama; como e se houvesse o certo..."
:)
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