Não conseguia nem escrever, mas podia pensar, e isto no ponto em que se encontrava era algo bom. Inculto boteco de fim de noite; não haviam relações sociais novas, apenas reproduções, reproduções, reproduções... E quando tudo estava ruim ele bebia cerveja na quinta ou na sexta e resolvia tomar um porre no sábado. Desistia antes. Nunca ia até o final, andava em círculos, "quem anda em círculos, não ultrapassa a linha limite", sábias palavras ruiva...
Tinha uma cláusula de segurança, incômoda e febril, permanecer nas bordas, nas periferias, observar, observar...
A ansiedade retornava e ele trabalhava, por que era o que sabia fazer quando ela aflorava. Sentia falta da depressão, sim podem rir, talvez para Vasilli era a única coisa que poderia pará-lo(e mesmo assim não conseguia). Estava cansado, não imaginava que o desapego iria lhe afetar tão duramente. Sentia falta da melancolia. Odiava este estado intermediário. Nem euforia, nem alegria, nem depressão nem felicidade: o caminho do meio era um porre de vinho, uma noite de sexo ruim, um objetivo sem causa: um incômodo meio-termo.
Silêncio no quarto. Em si mesmo, havia barulho. Um barulho interior que não cessava; sua mente era um campo de batalha.
Queria corromper a rotina, ir até o fundo, desistir no final de semana, não ir além.
Falsas ajudas, falsas amizades, mas ele ainda tinha seu núcleo duro: nesta hora conta-se nos dedos, e nem precisamos de todos de uma mão. O núcleo duro é sempre um pequeno grupo de fudidos, gente honesta, mas que perdeu. Perdeu por que não pode mais competir. Gente que finge vitória em comentários otimistas em filas de banco mas que percebe, não objetivamente claro, mas pela intuição que a epidemia da competição está matando os perdedores aos poucos...
Apesar da verdade, incômoda verdade, juraram inconscientemente proteger uns aos outros, enquanto um cai, o outro levanta(ou finge levantar), trocam-se as muletas, refazem-se os caminhos, os copos de cerveja se enchem, a ansiedade baixa e o círculo retorna ao seu ponto inicial.
Situação difícil passava Justine, Justine, "la Violeta", amparada e protegida por meia dúzia de bajuladores. E ele o egoísta sincero, não conseguia nem amarrar os cadarços sem lembrar se havia ou não enviado a carta para a Ruiva, apesar do que apreciava o sexo casual com Justine.
Gostava de seu bom humor, adorava sua maturidade precoce, seu jeito espontâneo e sincero, que transparecia uma irresponsabilidade suicida que animava o pragmatismo das terças-feiras.
Não haviam princesas para salvar, nunca houve, não haviam encontros casuais(frequentamos sempre os mesmos lugares) não havia distração recompensada(que dependia de talento) e nem mesmo recompensas profissionais(estava desempregado), por isto apelava a Justine e era até divertido em certo ponto, um ponto que ele nunca pensou bem exatamente se chegaria a algum lugar, mas era sempre garantia de prazer egoísta aos dois.
Esperava a ruiva voltar para encerrar um ciclo, mas a demora era tremenda, talvez ela não voltasse, e devia ter esta possibilidade em aberto.
Por isto Justine e seus asseclas, seus lacaios lhe pareciam intensamente irritantes, provocando-lhe uma soma de decepções, pois eram meras reproduções, meras fotocópias indulgentes fantasiando mundinhos enlatados, frequentando as mesmas festas, realizando os mesmos rituais, provocando as mesmas possibilidades e por fim, odiava o modo como Justine se despia e odiava quando ela gargalhava além dos limites sociais.
Odiava a si mesmo. Odiava vodka com refrigerante. Odiava escrever com gente olhando. Amor odeia amor. Ódio amava o amor. Amor amava o ódio. Ódio odiava o amor. Era tudo meio paradoxal. E usavam palavras bonitas.
E ele prosseguia. Amando Justine; um amor de quinze, vinte minutos, mas sincero, extremamente sincero.
Tinha uma cláusula de segurança, incômoda e febril, permanecer nas bordas, nas periferias, observar, observar...
A ansiedade retornava e ele trabalhava, por que era o que sabia fazer quando ela aflorava. Sentia falta da depressão, sim podem rir, talvez para Vasilli era a única coisa que poderia pará-lo(e mesmo assim não conseguia). Estava cansado, não imaginava que o desapego iria lhe afetar tão duramente. Sentia falta da melancolia. Odiava este estado intermediário. Nem euforia, nem alegria, nem depressão nem felicidade: o caminho do meio era um porre de vinho, uma noite de sexo ruim, um objetivo sem causa: um incômodo meio-termo.
Silêncio no quarto. Em si mesmo, havia barulho. Um barulho interior que não cessava; sua mente era um campo de batalha.
Queria corromper a rotina, ir até o fundo, desistir no final de semana, não ir além.
Falsas ajudas, falsas amizades, mas ele ainda tinha seu núcleo duro: nesta hora conta-se nos dedos, e nem precisamos de todos de uma mão. O núcleo duro é sempre um pequeno grupo de fudidos, gente honesta, mas que perdeu. Perdeu por que não pode mais competir. Gente que finge vitória em comentários otimistas em filas de banco mas que percebe, não objetivamente claro, mas pela intuição que a epidemia da competição está matando os perdedores aos poucos...
Apesar da verdade, incômoda verdade, juraram inconscientemente proteger uns aos outros, enquanto um cai, o outro levanta(ou finge levantar), trocam-se as muletas, refazem-se os caminhos, os copos de cerveja se enchem, a ansiedade baixa e o círculo retorna ao seu ponto inicial.
Situação difícil passava Justine, Justine, "la Violeta", amparada e protegida por meia dúzia de bajuladores. E ele o egoísta sincero, não conseguia nem amarrar os cadarços sem lembrar se havia ou não enviado a carta para a Ruiva, apesar do que apreciava o sexo casual com Justine.
Gostava de seu bom humor, adorava sua maturidade precoce, seu jeito espontâneo e sincero, que transparecia uma irresponsabilidade suicida que animava o pragmatismo das terças-feiras.
Não haviam princesas para salvar, nunca houve, não haviam encontros casuais(frequentamos sempre os mesmos lugares) não havia distração recompensada(que dependia de talento) e nem mesmo recompensas profissionais(estava desempregado), por isto apelava a Justine e era até divertido em certo ponto, um ponto que ele nunca pensou bem exatamente se chegaria a algum lugar, mas era sempre garantia de prazer egoísta aos dois.
Esperava a ruiva voltar para encerrar um ciclo, mas a demora era tremenda, talvez ela não voltasse, e devia ter esta possibilidade em aberto.
Por isto Justine e seus asseclas, seus lacaios lhe pareciam intensamente irritantes, provocando-lhe uma soma de decepções, pois eram meras reproduções, meras fotocópias indulgentes fantasiando mundinhos enlatados, frequentando as mesmas festas, realizando os mesmos rituais, provocando as mesmas possibilidades e por fim, odiava o modo como Justine se despia e odiava quando ela gargalhava além dos limites sociais.
Odiava a si mesmo. Odiava vodka com refrigerante. Odiava escrever com gente olhando. Amor odeia amor. Ódio amava o amor. Amor amava o ódio. Ódio odiava o amor. Era tudo meio paradoxal. E usavam palavras bonitas.
E ele prosseguia. Amando Justine; um amor de quinze, vinte minutos, mas sincero, extremamente sincero.
3 comentários:
Muito bom...
Se vc juntar só os contos do Vasili já dá pra começar um bom livro.
tb me apaixonei por justine...
Texto muito bem escrito. Um conto sexy e curioso. Justine ruiva(...)*
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