Instruções para ler este conto: (isto é sério)
- encha o pulmão, prenda a respiração... e leia!
As coisas estão indo depressa demais ruiva, depressa demais, como aquele ônibus, aquele que quase atropela passageiros no ponto, como a bola espirrada que acerta o tio da praça, como a correria do pivete, o esbarrão derruba-café, derruba-humor, as luzes da cidade, as hemáceas urbanas coloridas, neon, barulho, neon, depressa, depressa demais ruiva, acelerado, acelerado. Eu escuto corra! Corra, corra, corra até perder seus pulmões, e eu forço minhas pernas até a exaustão, o tênis contra o asfalto, asfalto contra tênis, batalha silenciosa em meio a sujeira do canto do pa-ra-le-le-pí-pe-do dito diante da língua, diante de um copo de cerveja na cara de um travesti na esquina da joaquim silva com a tonelereiros não-sei-mais-o-quê! Já não sei mais quem empurra quem, ou se é a terra que está de cabeça para baixo; um dois, três postes, carros em frente ao teatro cecília meirelles, entro correndo com fôlego, passo embaixo dos arcos da lapa, há olhares, olhares famintos; grito com minhas pernas na altura do arco-íris, esbarro em um gringo, não dois gringos, não três gringos, digo era o garçom, não importa, hidrante, não importa, quantidade-velocidade-serenidade-atividade do intenso, idiota, do denso, idiota, idiota lerda, do tenso, eu tropeço num paralelepípedo, dobro a direita sem jeito, sigo rumo a praça tiradentes, delegacia-carrocinha-franco-maçonaria não necessáriamente nesta mesma ordem, corro, o cadarço está frouxo, o fôlego sôfrego, a calça imunda, as pessoas me inundam de olhares, expressões, e minhas ações prosseguem, pé direito, pé esquerdo, braçadas longas, cabelo grande solto, voando, casaco verde apertado, suando, chego na praça tiradentes cortando o batalhão já sem força... passadas diminuem, a dor no solado do pé, o seu ônibus partindo ruiva, partindo... partindo meu coração... aquele 355 vendido... sempre lento e agora tão esguio... esguio como nossa relação... e você não está mais aqui, mas está lá, no banco de trás, apenas um olhar. Olhar fugitivo, coberto pelo movimento que mostra seu cabelo vermelho e nega seu olhar... e eu com as mãos no joelho, esbaforido... meio perdido... caio de esquerda na calçada, me apóio, me nego e aí percebo que você já se foi, que você já se foi.
E eu tentei correr, não fugir.
- encha o pulmão, prenda a respiração... e leia!
As coisas estão indo depressa demais ruiva, depressa demais, como aquele ônibus, aquele que quase atropela passageiros no ponto, como a bola espirrada que acerta o tio da praça, como a correria do pivete, o esbarrão derruba-café, derruba-humor, as luzes da cidade, as hemáceas urbanas coloridas, neon, barulho, neon, depressa, depressa demais ruiva, acelerado, acelerado. Eu escuto corra! Corra, corra, corra até perder seus pulmões, e eu forço minhas pernas até a exaustão, o tênis contra o asfalto, asfalto contra tênis, batalha silenciosa em meio a sujeira do canto do pa-ra-le-le-pí-pe-do dito diante da língua, diante de um copo de cerveja na cara de um travesti na esquina da joaquim silva com a tonelereiros não-sei-mais-o-quê! Já não sei mais quem empurra quem, ou se é a terra que está de cabeça para baixo; um dois, três postes, carros em frente ao teatro cecília meirelles, entro correndo com fôlego, passo embaixo dos arcos da lapa, há olhares, olhares famintos; grito com minhas pernas na altura do arco-íris, esbarro em um gringo, não dois gringos, não três gringos, digo era o garçom, não importa, hidrante, não importa, quantidade-velocidade-serenidade-atividade do intenso, idiota, do denso, idiota, idiota lerda, do tenso, eu tropeço num paralelepípedo, dobro a direita sem jeito, sigo rumo a praça tiradentes, delegacia-carrocinha-franco-maçonaria não necessáriamente nesta mesma ordem, corro, o cadarço está frouxo, o fôlego sôfrego, a calça imunda, as pessoas me inundam de olhares, expressões, e minhas ações prosseguem, pé direito, pé esquerdo, braçadas longas, cabelo grande solto, voando, casaco verde apertado, suando, chego na praça tiradentes cortando o batalhão já sem força... passadas diminuem, a dor no solado do pé, o seu ônibus partindo ruiva, partindo... partindo meu coração... aquele 355 vendido... sempre lento e agora tão esguio... esguio como nossa relação... e você não está mais aqui, mas está lá, no banco de trás, apenas um olhar. Olhar fugitivo, coberto pelo movimento que mostra seu cabelo vermelho e nega seu olhar... e eu com as mãos no joelho, esbaforido... meio perdido... caio de esquerda na calçada, me apóio, me nego e aí percebo que você já se foi, que você já se foi.
E eu tentei correr, não fugir.
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