quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Temas sobre a insônia: Contatos com o Interior

Hoje passei no Largo do Machado. Precisava de 40 minutos de completo ócio, mas é mais fácil preencher espaços vazios com movimento e caoticidade na maior parte das vezes do que com reflexão. A própria geografia urbana não propicia este tipo de tomada de decisão. Resolvi comprar livros, que nada mais são do que uma soma de árvores mortas se formos pensar por um outro ângulo, o que inevitávelmente nos conduz à discussão de que não existe a separação vida x morte. Não chamaríamos a vida de vida e a morte de morte se ambas não fossem no fundo, uma coisa só.

Pois bem, voltando ao assunto dos livros, encontrei uma bela musa de cabelos cor ferrugem, era quase uma ruiva, se talvez levássemos em conta que só descobre-se uma ruiva quando se geralmente está a ponto de perdê-la. É um paradoxo interessante.

Bem, na verdade não podemos chamá-la de quase ruiva, por que era uma mera projeção. O fato é que fui comer um quibe de legumes com muito mais animação que o habitual. O Largo do Machado é cheio de vida e situações emocionalmente carregadas. Assistir uma apresentação de folclore por exemplo faz parte desta situação. Normalmente em época de reis, ou algo assim, nunca fui bom em datas. Coisa que não ocorreu hoje foi algum folclore; teria sido muito mais recompensador, do que comer quibes árabes.

Marco minhas datas com lembranças marcantes. Catarses individuais, situações limite e cartas mal lapidadas, voilá, meu calendário é algo entre isso tudo. Há um quê de passagem no Largo do Machado, algo que é o caminho mas torna-se o fim. É o mesmo com Madureira, porém indubitávelmente com psico-tensões geográficas extremamente particulares.

Há praças do Largo do Machado que ainda são verdadeiramente praças, apesar de dominadas por tipos conservadores e prédios e condomínios que os induzem a esta postura.

Quando a falsa ruiva se foi, eu tive vontade de chorar. Não era um choro própriamente dito. Talvez um insight, uma recordação malquista ou um neurônio e uma sinapse mal-sucedida, o fato é que foi algo tão curto, que não desencadeou nada, particularmente e absolutamente nada.

O que não é uma tentativa pessoal de negação do sentimento. Lembranças surgem é claro. O fato é que como um sentimento pode surgir em milisegundos a ponto de desaparecer em seguida? O que para mim, "ficou na metade", é parte de um gerador, de um verdadeiro gerador de sentimentos novíssimos, e isso é bom.

O fato em si é; transbordar quando assim lhe aprouver. Determinados ambientes podem trazer isto a tona mediante uma relação causal e casual de esforço cognitivo. Isto passa por estar sintonizado consigo mesmo a partir de relações que podem proporcionar este aumento de contato interior. Um contato com o gerador, um gerador de emoções completamente novas.

Talvez um sonho iniciático sufi lhe seja suficiente.

É preciso ter um pó de estrelas dentro de si. É preciso saber que não há sentimento ruim. A tristeza não é ruim. A felicidade não é algo bom. A tristeza também não é boa e muito menos a felicidade seria algo ruim.

Mas elas estão lá. E isso dever ser intensamente aproveitado(e apropriado).

Quando isso for compreendido, o contato estará estabelecido. E será possível viajar por entre o self.

Não faço idéia(racional) do que escrevi exatamente, mas há uma luz que deseja coexistir com a sombra que começa a fazer total sentido para mim(como eu não faço a mínima idéia, aliás, o que é particularmente e cada vez mais interessante).

Um comentário:

Fernando Beserra disse...

Bonipto, o Lgo do Machado tb é mto significativo pra mim..