Acordei com vontade de chorar
De comer lágrimas às pausas sôfregas do dia
Sem que mesmo para isto eu merecesse
Por que eu não mereço. Veja bem
Eu não mereço
Quem merece chorar não chora.
Apenas ri
Apenas canta
Dança e faz de seu dia uma batalha diária
Contra a solidão
Nas favelas, beiras de esquina, nas pontes
E nas praças abandonadas não há lagrimas
Sem motivos que as justifiquem
Eu não mereço parir as lágrimas que me espreitam
Já me falaram que cada sofrimento é um sofrimento
E que sem hierarquias
Todos os sofrimentos seriam iguais
Mas há sofrimentos que não são sofrimentos
São apenas lástimas ou caprichos mesquinhos
E com estes não há condescendência
Muito menos condescendentes
Envergonho me do meu sofrimento
Sofrimento pequeno
Insignificante e miúdo
Mas só eu sei
Repito, só eu
Sei realmente sua imensidão
Como nas trevas despedaçados
E interligados pela dor
Hoje vejo
Que todos os sofrimentos são iguais
Por que há então
Um motivo comum
Que odiosamente
Os unem
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário