Algumas cervejas. Corpos na rua, defuntos na rua. Não é literatura. É vida real. Subúrbio, violência, segregação sócio-espacial. Bairros dormitórios. Trens, vagões, coletivos, pedaços de metal carregam o gado aos matadouros. Alguns morrem no caminho. Alguns caminham já mortos, apertam botões, consomem, apertam botões. Tento me encontrar, ao som de Cartola, ao som de Coltrane ao som do caralho a quatro, mas simplesmente a música perfeita fica sem função quando meus pés começam a doer. Os passos estão mais curtos, a vontade de mudança é a mesma, e eu me pego me chafurdando em zonas autônomas temporárias que eu não criei. Há poesia no fundo do poço, eu estou bem longe de lá: não terei este problema enquanto meus pés continuarem a doer.
As veias da urbe incham-se de sonhos, de pesadelos, há engarrafamentos nas sextas, há falsas sensações de liberdade na quinta, e há alguns travesseiros vazios nas terças. Há espaço para poesias nos intervalos dos ônibus que não chegam. Há um pouco de teatro no cotidiano que o cerca. Há vazios ocasionais. Há um mover frenético, uma luta extensa encobrindo algumas dores.
Dores urbanas, humanas, sazonais. Temporais.
Há um pouco disso tudo aí. Disso aí mesmo! É disto! Do que você falou, pensou. Um tudo que não se descreve em texto por que sinceramente não há paciência, nem pausa para tal coisa.
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