quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Cálculos da vida de um servidor público

Três mil pessoas me visitaram. Foram três mil pessoas durante o curto período de quatro meses, ou seja, cento e vinte dias, cento e vinte e dias sendo visitado por três vezes mil pessoas.

O que dá estatísticamente uma média de vinte e cinco pessoas por dia. Uma média de vinte e cinco casos distintos, humores, padrões, comportamentos e sim, generalizações, geradas em meio a sudoku.

Adoro sudoku, principalmente no intervalo do sistema; e o sistema sempre "quebra", sempre "quebra" quando meu humor quer.

Vinte e cinco.

E eu achei que eram mais. Muito mais...

Mas pensando bem, vinte e cinco pessoas dão um total de três pessoas por hora, sendo que há mais uma que compensa os dígitos não computados e o arredondamento mal-feito dos cartesianos e esta pessoa, pessoa maldita, sem números, sempre chega na hora do almoço.

Isto funciona num período de oito horas de trabalho.

Significa afirmar que em oito horas de trabalho, o que para mim é excessivo, apesar das dezesseis horas anteriores ao sindicalismo revolucionário do início do século vinte comprovarem que hão de chover dias piores, eu recebo gente ruim a cada intervalo, a cada vinte minutos, a cada mil e duzentos segundos.

Eu penso. Penso que tenho dez dedos. O dedo médio é usado, uma vez a cada duas mil e quinhentas e setenta e cinco pessoas, pelo menos abertamente.

O polegar tamborila vezes que eu não conto. Eu balanço a cabeça, dobro papel, rabisco a mesa e vez ou outra grito um chega. Um chega frenético, pouco usual, abrupto, sem voz que alcança a menina da limpeza.

E entra outro número balançando os ombros... Mais um número...

E sou eu... sou eu, que decido, durante o período de quatro meses ou seja, cento e vinte dias, cento e vinte e dias sendo visitado por três vezes mil pessoas, quem precisa receber a aposentadoria por invalidez, invalidez psíquica e quem finge, quem atua.

Eu decido três, quatro, cinco mil vezes. Às vezes, quatrocentas e doze vezes uso minha moeda e digo quem é e quem não é ator. Perícia!

Cinquenta por cento de chance, uma vez a cada lance, a cada três, quatro ou cinco mil vezes.

Perícia!

Normal, normal, normal... Três, dez, vinte vezes normalidade.

E isso por que eu não contei os copos de café.

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