Resolvi falar tudo. Não porque merecesse, mas porque alguém, algum dia, tem de fazer o serviço sujo. E falar tudo é fazer o serviço sujo com gosto. É se expor, de luzes acesas, de janela e porta aberta, com um pouco de miséria escondida no canto do quarto e da memória. Dê a cara a tapa, não me siga. Se preciso de uma ou duas cervejas isto é coisa minha, algum reminiscência bukowiskiniana que me afeta em dias de semana e interlúdios de cinismo. Se preciso ressuscitar uma derrota particular, este é meu modo de incitar uma parte de mim a agir.
Falar tudo é abandonar máscaras, é cuspir na cara de si próprio o veneno alheio, é sorrir entre as tragédias com os lábios cortados, e além de tudo é buscar no fundo do espírito uma energia obscura, um lado rejeitado; abortado com gosto de sangue no tempero das etiquetas, enterrado dia após dia, day by day, pela rotina social, merda de rotina social, pela rotina anti-social, merda de rotina anti-social, day by day.
Cansei de igrejas. A contra-cultura estúpida, que como o próprio nome já diz, tentou ser sombra e acabou virando luz, uma luz que cega, uma nova religião inerte, com seus santos, suas rezas, seus dogmas, sua pútrida hierarquia, escondida entre alargadores, padrões morais do século XVI e jaquetas de arrebite retórico, promoveu uma caça às bruxas, promoveu uma verdadeira inquisição disfarçada de liberdade.
Odeiem-me nesta parte. O ódio é uma doce projeção, que revela-se no incômodo, maldito incômodo que revela não quem é alvo do ódio, mas quem odeia. Revela e descortina, que a cada movimento de oposição, enterramos um lado obscuro, que de início não reage, mas planta sementes de contradição dentro de nós e se alimenta do outro.
Contra-cultura pérfida, alimenta anjos sagrados, perfeitos, perfeitos, como a curvatura da última tela de Dali, perfeitas como um apartamento decorado em alguma cobertura do aterro do Flamengo. Como crise de consciência vagam e entoam cânticos pseudo-populares, como se isto aplacasse a imensa culpa cristã que sentem por não terem nascido no lado certo. Filhos da classe média, inertes, repletos de brinquedos e possibilidades plásticas, ainda estupidificam o que poderia ser igual, despedaçam a horizontalidade e carregam cruzes, cruzes resplandecentes, símbolos dos despojos dos vencedores.
Plástica cultura. Americanos, ameríndios, norte-americanos travestidos de cidadãos sem pátria!!!
Vigiam e punem comportamentos desviantes. Reproduzem técnicas de disciplinarização; cagam Foucault, mas arrotam e exalam Felipe II. Nichos de mercado, de consumo. Pois idéias são mero consumo.
Não há muito mais a dizer, olhem para si mesmos. Na ordem do discurso, abandonei a importância do autor; o que importa é a idéia. Se eu for julgado como autor, queimem meus textos em praça pública ao lado do terceiro reich.
Prefiro entoar idéias. É um anônimo que vos escreve.
Falar tudo é abandonar máscaras, é cuspir na cara de si próprio o veneno alheio, é sorrir entre as tragédias com os lábios cortados, e além de tudo é buscar no fundo do espírito uma energia obscura, um lado rejeitado; abortado com gosto de sangue no tempero das etiquetas, enterrado dia após dia, day by day, pela rotina social, merda de rotina social, pela rotina anti-social, merda de rotina anti-social, day by day.
Cansei de igrejas. A contra-cultura estúpida, que como o próprio nome já diz, tentou ser sombra e acabou virando luz, uma luz que cega, uma nova religião inerte, com seus santos, suas rezas, seus dogmas, sua pútrida hierarquia, escondida entre alargadores, padrões morais do século XVI e jaquetas de arrebite retórico, promoveu uma caça às bruxas, promoveu uma verdadeira inquisição disfarçada de liberdade.
Odeiem-me nesta parte. O ódio é uma doce projeção, que revela-se no incômodo, maldito incômodo que revela não quem é alvo do ódio, mas quem odeia. Revela e descortina, que a cada movimento de oposição, enterramos um lado obscuro, que de início não reage, mas planta sementes de contradição dentro de nós e se alimenta do outro.
Contra-cultura pérfida, alimenta anjos sagrados, perfeitos, perfeitos, como a curvatura da última tela de Dali, perfeitas como um apartamento decorado em alguma cobertura do aterro do Flamengo. Como crise de consciência vagam e entoam cânticos pseudo-populares, como se isto aplacasse a imensa culpa cristã que sentem por não terem nascido no lado certo. Filhos da classe média, inertes, repletos de brinquedos e possibilidades plásticas, ainda estupidificam o que poderia ser igual, despedaçam a horizontalidade e carregam cruzes, cruzes resplandecentes, símbolos dos despojos dos vencedores.
Plástica cultura. Americanos, ameríndios, norte-americanos travestidos de cidadãos sem pátria!!!
Vigiam e punem comportamentos desviantes. Reproduzem técnicas de disciplinarização; cagam Foucault, mas arrotam e exalam Felipe II. Nichos de mercado, de consumo. Pois idéias são mero consumo.
Não há muito mais a dizer, olhem para si mesmos. Na ordem do discurso, abandonei a importância do autor; o que importa é a idéia. Se eu for julgado como autor, queimem meus textos em praça pública ao lado do terceiro reich.
Prefiro entoar idéias. É um anônimo que vos escreve.
3 comentários:
Porra...
Não tenho nem palavras, você consegue por em palvras que mal consigo pensar sem me perder em mim.
Muito foda mesmo.
uau, acho q vou visitar mais esse lugar.
textaço! palavras maravilhosamente rudes, ríspidas, ácidas. poético soco no estômago.
abs
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