domingo, 17 de junho de 2007

"Se Não posso dançar não é minha revolução." (Emma Goldman)


Três pedras nas mãos. E ela caminhou por entre os armazéns do cais do porto pedindo por um encontro.

Estava cheia desse machismo, dessa agressividade dos símios, dos brutais machos envaidecidos por um pedaço de músculo entre as pernas. Se algum deles se atrevesse, já saberia o que fazer. Iria apedrejá-lo até a morte. Revidando as brutais agressões das mulheres muçulmanas condenadas por adultério.

Mas depois de quinze minutos, achou que era um morte muito brutal. Só mataria por legítima defesa. E foi assim que pensou durante os próximos minutos.

Caminhou com a raiva entre os dentes. Que mundo machista! Como era viver em meio à opressão de gênero, à ditadura do hormônio masculino, que lixo era pensar que o capital tinha sexo, sexo masculino, patriarcal, opressor, desigual, mantenedor muito além das estruturas de classe, mas das estruturas cotidianas de desigualdade.

Apedrejar alguém era medieval. Lembrou-se disto quando relacionou tal ato com o fato do machismo, do patriarcado ser medieval.

Raspara o cabelo para escapar do estereótipo feminino, mas até onde foi? Até onde foi, se queria apenas ser ela própria?

Ao caminhar, sentiu pena de um mundo que a obrigava a modificar sua essência por meio da antítese. Um estalo surgira. Não precisava explicitar a antítese. Bastava ser apenas ela. Chega de antíteses construídas exatamente para dividir. Dividir para conquistar. Não precisava disto.

"A rebeldia não está na imagem, está em meu sangue, em meu coração".

E por que tentou se adaptar a uma antítese construída pelas classes dominantes? Um estereótipo?

Serei apenas eu. Gritarei aleluia em tom de deboche! Aos padres! Aos "curas", aos conservadores de plantão emitirei sonoras risadas, sonoros sorrisos!

Aos que me pedirem castidade, os acusarei de estupro hormonal. Algo está errado no mundo.

Às revistas que suplicam por substituir o opressor masculino pelo feminino denunciarei-as, ridiculizarei-as. Opressores ou opressoras... De que me importa? São todos iguais!

O amor era livre até criarem servas e escravas, servos e escravos. Até criarem latifundiários e camponeses, patrões e operários.

A maior greve da história, a grande greve de 17 foi feita por mulheres. Na linha de frente, nas ocupações, nos despejos, no primeiro de maio, na guerra civil espanhola, na denúncia da opressão leninista/ stalinista na rússia, pelos direitos, sempre estão lá! Mulheres!

O amor é um pégasus. Ele voa sobre uma lua que pede por permanência.

O amor é algo recíproco. Algo que pede por contribuição! Por apoio e amor mútuo!

As pedras estão no bolso, mas só serão usadas quando a besta-fera machista ousar levantar-se.

Um golpe de ironia e sarcasmo. Uma dose de realidade e diálogo podem convencer muito mais do que pedras. As pedras são necessárias. Rochas, sólidas como princípios. Terei a inteligência para usá-las em momentos certos. Cada arma para seu momento.

O ponto de ônibus chegou. Não citarei o machismo da linguagem. Linguagem exclusiva.

Deixo para depois. Por enquanto há uma lua feminina clamando por permanência.

Farei ela ficar no céu agora. Sem pedras desta vez. Argumentos me bastam.




4 comentários:

Edgerunner disse...

Ma putaquepario Durden..

Isso aqui ficou bom mesmo. Estou a um tempo utilizando-me de comunicação de nível pré-cambriano, depois que minha net foi cortada. Quando retornar, leio o que foi perdido (só para você não ficar carente de comentários proto-úteis).


Voltarei. See ya..

JH disse...

grande lembrança, Durden.

grande frase de Emma.

grande presença das mulheres em greves, boicotes, lutas.

lugar de mulher é na revolução.

opressão não tem sexo, não tem cor.

é isso aí, brother.

Fernando Beserra disse...

Salve elas!
=)

Fernando Beserra disse...

Salve elas!
=)