terça-feira, 12 de junho de 2007

Sirva seus servos

Eu adorava dormir com a ruiva. E olha que eu já dormi com muita gente. Mas a ruiva era realmente especial. Eu gostava de boa parte do metodismo dela quando ela estava com sono. Por que eu só via a ruiva metódica nesses momentos, quando ela dormia. E então deus falou que isso era bom, no sétimo dia, digo segundo mês. O meu deus é meio preguiçoso. Até para me ajudar. Foi por isso que virei ateu. Até o segundo ano do segundo grau. Depois resolvi ser um agnóstico espiritual por que sem dúvida nenhuma era muito mais charmoso.

Mas quando eu falo dormir, as pessoas relacionam com sexo. Não é isso. Não que o sexo com a ruiva tenha sido ruim. Pelo contrário. Era sublime. Mas não é disso o que eu falo. Falo de dormir, sonhar ao lado dela, com um pouco de pó de estrela na cabeça. Eu nunca soube o que é paixão própriamente.

Eu achava que era apaixonado por uma meia dúzia de pessoas. Eu me enganei. Fui em graus distintos. Mas que se foda a razão. Estar apaixonado é estar sem razão e que se fodam os racionais que vão analisar isso aqui da maneira mais chata possível. Eles(libertários ou não) só sabem ver as coisas por esse ângulo. Apaixonem-se e verão o que estou falando. Se nunca se apaixonaram não é problema meu, a paixão precede todas as ideologias.

A paixão faz você botar a porra da cabeça no travesseiro numa segunda-feira pós-feriado e faz você sentir falta da ruiva, mesmo lutando racionalmente para que isso não aconteça, mas você sente falta da ruiva, sente mesmo e tenta entender a porra dos mecanismos primitivos(??) que te fazem agir desta forma. Ela está lá, e às vezes visita seus sonhos. A paixão faz isso com você. E é pior que a carência. Muito mais, por que na carência, você joga seus doces emocionais avanço e qualquer cozinheira consegue agarrar os quitutes, mas a paixão não te dá oportunidade Não há muitas escolhas.

Eu gostava de ver a ruiva dormir, mas eu adorava mesmo assistir ela acordando. Era lindo!

O rosto que ela fazia, o cabelo desgrenhado, mas tão sexy, o esforço por permanecer sóbria, tudo isso me contagiava. Na verdade não consigo descrever exatamente, por que a paixão também faz isso com você, ela te faz ficar acordado até as 5 da manhã rodopiando com um caos dançarino dentro de si. Te faz escrever, escutar e reagir de maneiras que você não gostaria. Te faz.

É difícil, por que você não faz força, nem sentido. Quando escrever torna-se(te) difícil levanta-te no outro dia caralho!

Eu só queria que ela falasse comigo. Da forma que ela falava antes. Com seus cabelos vermelhos. Eu queria não estar passando por isso, que não-é-porra-nenhuma diante do sofrimento do mundo, global. Mas está aqui. É algo concreto.

Vou tentar dormir. Cobrir-me, e afundar-me em alguns abismos introspectivos. Talvez eles me salvem.

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