Não há muita criatividade. Apenas um cheiro de chuva que me faz observar os pingos respingarem no paralelepípedo. Dá pra sentir-se satisfeito, com aquele calor irritante se esvaindo na primeira pancada de chuva. As nuvens anunciam, há um pequeno estrondo e pronto, a mágica está feita.
Há um móvel novo na sala. Perto da cadeira branca. É nela que estou sentado, de frente àquela janela grande, do qual cnsigo observar todos sem que me observem. Há um senhor apressado de terno correndo com um jornal cobrindo a fronte enquanto a chuva o alcança; há uma senhora firme de si, desfilando com um grande guarda-chuva que antecipa as pancadas mais fortes.
A janela começa a embaçar e eu me canso dessa brincadeira a toa. Tento me concentrar, mas meu pensamento flutua livre pelas barreiras geográficas, me sinto pequeno.
Há um espaço vazio demasiado cheio de sentido dentro daquela sala minúscula. É difícil explicar, mas sinto que sem aquele vazio, não conseguiria obter reflexões como as dos dias chuvosos.
Geralmente, espero alguém ligar e aí inicio um jogo gestáltico de figura e fundo, onde as coisas se interpelam. Telefone-fundo, paisagem-figura, figura-telefone, fundo-paisagem, tudo depende de quem liga e das flutuações sempre inconstantes do meu humor temporal.
Há dias reservei alguns dias na agenda para preencher lacunas criativas como esta. Habituar o escritor e o leitor há sentir o vazio. Era preciso ter uma sala com poucos móveis. Uma cadeira bastava. E tinha de ser branca. Uma mesa de mogno, uma escrivaninha e poucas pilhas de papéis davam a tônica final.
Fora disso, havia apenas uma necessidade de me silenciar mais, sobre tudo um pouco. Era mais do que uma necessidade, era quase uma sobrevivência.
Há um móvel novo na sala. Perto da cadeira branca. É nela que estou sentado, de frente àquela janela grande, do qual cnsigo observar todos sem que me observem. Há um senhor apressado de terno correndo com um jornal cobrindo a fronte enquanto a chuva o alcança; há uma senhora firme de si, desfilando com um grande guarda-chuva que antecipa as pancadas mais fortes.
A janela começa a embaçar e eu me canso dessa brincadeira a toa. Tento me concentrar, mas meu pensamento flutua livre pelas barreiras geográficas, me sinto pequeno.
Há um espaço vazio demasiado cheio de sentido dentro daquela sala minúscula. É difícil explicar, mas sinto que sem aquele vazio, não conseguiria obter reflexões como as dos dias chuvosos.
Geralmente, espero alguém ligar e aí inicio um jogo gestáltico de figura e fundo, onde as coisas se interpelam. Telefone-fundo, paisagem-figura, figura-telefone, fundo-paisagem, tudo depende de quem liga e das flutuações sempre inconstantes do meu humor temporal.
Há dias reservei alguns dias na agenda para preencher lacunas criativas como esta. Habituar o escritor e o leitor há sentir o vazio. Era preciso ter uma sala com poucos móveis. Uma cadeira bastava. E tinha de ser branca. Uma mesa de mogno, uma escrivaninha e poucas pilhas de papéis davam a tônica final.
Fora disso, havia apenas uma necessidade de me silenciar mais, sobre tudo um pouco. Era mais do que uma necessidade, era quase uma sobrevivência.
Um comentário:
não sei pq, mas isso me deu uma sensação muito boa de conforto. mais ou menos o que sinto em certos dias de chuva (não todos!).
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