Cansou. E isso foi na segunda-feira.
Na quinta estava exausta.
Aquele quarto maldito, cheio de gente maldita, de angústias malditas, de fantasmas e dores malditas era feito de guimbas de cigarro, de cerveja e de saudade.
A saudade era ridícula, como os recados virtuais, as cartas que nunca chegavam e as dores mal paridas.
Filha da puta maldita.
Nem um desastre a filha da puta tinha, apenas um baralho faltando cartas, algumas ausências e uma dor dentro de seu mundo perfeito. Perfeito demais.
Estava tudo ruim, mas ela fingia felicidade. Sorria, cumprimentava, falava quando chegava a hora e dava até bom dia para os que lhe odiavam.
Sorria para os cínicos, beijava a mão dos covardes e enganava os espíritos ruins.
A dor de cabeça aumentava. Cefaléia absurda que lhe pegou na manhã em meio a agitação. Doía.
Resolveu tomar uma decisão: daqui pra frente tomaria calmantes. Mas mesmo assim tinha medo de um tumor.
Pegava o ônibus aguardando um amor, mas só lhe vinham trocados e paisagens.
Brusca, diziam.
Quando morreu, amigos vieram de toda a parte para dizer que se importavam. E acreditando nisto, muitos pensavam que se importavam realmente.
Habituando-se ao ridículo confessaram-se e viram-se livres da vida no dia de sua morte, era uma família feliz.
Poucas pessoas fizeram tanto por ela do que Vasilli e Anatole.
Anatole conversava sobre filosofia. Vasilli era cínico tal como tal. E ela estava estendida dentro de um caixão.
Semana antes, comeu pizza e fumou haxixe. Mês antes, fez caso com algumas latas de cerveja.
Na semana seguinte despediu o terapeuta.
"Terapia nunca mais!"
Caminhou novamente só. Estava frio, ninguém viu.
Não iria pedir por favor.
Caiu em si olhando para um aquário no bairro da Liberdade.
Comprou um biscoito chinês, abriu e leu a seguinte mensagem: "A dança é a linguagem oculta da alma".
Que merda qualquer aquilo enfim lhe serviria? Ninguém viu.
E ela. Ela despediu o terapeuta, comeu biscoitos e continuou assim, com insônia. E depois morreu; esquecida naquele enterro cheio de gente.
Na quinta estava exausta.
Aquele quarto maldito, cheio de gente maldita, de angústias malditas, de fantasmas e dores malditas era feito de guimbas de cigarro, de cerveja e de saudade.
A saudade era ridícula, como os recados virtuais, as cartas que nunca chegavam e as dores mal paridas.
Filha da puta maldita.
Nem um desastre a filha da puta tinha, apenas um baralho faltando cartas, algumas ausências e uma dor dentro de seu mundo perfeito. Perfeito demais.
Estava tudo ruim, mas ela fingia felicidade. Sorria, cumprimentava, falava quando chegava a hora e dava até bom dia para os que lhe odiavam.
Sorria para os cínicos, beijava a mão dos covardes e enganava os espíritos ruins.
A dor de cabeça aumentava. Cefaléia absurda que lhe pegou na manhã em meio a agitação. Doía.
Resolveu tomar uma decisão: daqui pra frente tomaria calmantes. Mas mesmo assim tinha medo de um tumor.
Pegava o ônibus aguardando um amor, mas só lhe vinham trocados e paisagens.
Brusca, diziam.
Quando morreu, amigos vieram de toda a parte para dizer que se importavam. E acreditando nisto, muitos pensavam que se importavam realmente.
Habituando-se ao ridículo confessaram-se e viram-se livres da vida no dia de sua morte, era uma família feliz.
Poucas pessoas fizeram tanto por ela do que Vasilli e Anatole.
Anatole conversava sobre filosofia. Vasilli era cínico tal como tal. E ela estava estendida dentro de um caixão.
Semana antes, comeu pizza e fumou haxixe. Mês antes, fez caso com algumas latas de cerveja.
Na semana seguinte despediu o terapeuta.
"Terapia nunca mais!"
Caminhou novamente só. Estava frio, ninguém viu.
Não iria pedir por favor.
Caiu em si olhando para um aquário no bairro da Liberdade.
Comprou um biscoito chinês, abriu e leu a seguinte mensagem: "A dança é a linguagem oculta da alma".
Que merda qualquer aquilo enfim lhe serviria? Ninguém viu.
E ela. Ela despediu o terapeuta, comeu biscoitos e continuou assim, com insônia. E depois morreu; esquecida naquele enterro cheio de gente.
6 comentários:
que angustia no peito.
aliás, parece até que você me ouviu.
é fácil despedir o terapeuta qnd ele está de férias...
Ela toda tão oculta. Mais oculto os pedidos de socorro, que a gente solta num aperto de mãos. Se insônia com dor de cabeça é uma mensagem subliminar, o que será hiperliminar?
Achu q eu me vi no caixão.
Sutil como Dalton Trevisan(...)*
Há colaboradores? Talvez. Ou tudo seria genuínamente seu?
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