quinta-feira, 27 de março de 2008

Origami Emocional

Dobrei-me...
Como um origami emocional
Criei camadas de vida
Voei, espalhado pelo vento
Como um barco sem horizonte
Despedacei-me no mar
E vi que a felicidade
Estava na minha mão

A alegria era uma folha de papel
Eu a dobrei como um envelope
E coloquei recortes de revista
E dúvidas de jantar em seu interior

Comi desatinos e engoli timoneiros
Sem pensar, sem sonhar
Que a água que eu outrora bebi
Iria dessa vez, me afogar

Liguei o rádio
Mas não havia estação
Olhei para o sol
E ainda era verão

Gritei ao som do enfado
E não entendia...

Por que naquela maldita quinta feira
O meu olfato sentia cheiro de morte

Dancei, dancei, dancei ao som da música
Sem saber, que não se baila
Com um caixão em uma das mãos

Olhei para o horizonte
A vida era algo normal
E o meu normal, não dizia nada
Para seis bilhões de pessoas

Bebi cervejas no escuro
E achei que iria me curar
De algo que nunca tive

Costurei falsos caminhos
E só percebi
Que no palco do teatro
O ator sim, o ator era vossa senhoria
Vossa senhoria! O eu!

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