quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Dos sonhos de manhã

Hoje eu acordei pensando em você. Você estava lá nos meus sonhos, não participando própriamente do enredo onírico, mas apenas observando. Vestia uma blusa verde e me espreitou em duas situações. Situações limites, situações das quais eu mal consigo própriamente me livrar quando acordo, por que eu olho para o lado da cama e você não está lá e eu sinto aquela ressaca emocional me invadir, mas eu não estou bebendo atualmente, por que não quero dar chance para a depressão me dominar neste calor infernal. O sol está forte ruiva, mas eu não, eu continuo um fraco em busca de energia, de força, e foi utilizando metáforas que eu tentei me esquivar de você, mas quem entende metáforas? Ruiva, eu olho para o meu quarto, um quarto tão sufocante, e quente, com alguns broches, livros, um copo vazio largado no pé da cama e eu sei, e continuo a saber toda manhã em que você resolve aparecer por detrás das cortinas azuis, que você me marcou profundamente, deixou impressões na alma ruiva, e não se esquecem impressões assim com tanta facilidade. Quanto eu já escrevi por você ruiva? Quanto material literário fresco e vivo você me deu? Na verdade eu deveria lhe agradecer, pois você me concedeu um privilégio, uma inspiração que eu não conseguiria em nenhum mais momento.

Eu deveria retribuir isto de alguma forma, mas a única saída que eu encontro é ser incompreendido, por que as incompreensão faz parte de uma dificuldade intríseca das solidões se comunicarem. Eu não consigo mais por exemplo desenvolver os textos a uma certa altura, por que eles sempre morrem de tédio e se reproduzem infinitamente tediosamente nas mesmas dúzias de palavras que se amontoam. Talvez se eu parasse em algum lugar calmo conseguiria pensar mais claramente e as palavras sairiam. Vou tentar fazer isso em janeiro.

Talvez acampar em algum lugar. Fazer algumas trilhas. Pode ser que funcione.

Um comentário:

Anônimo disse...
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