quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Bilhetes soltos para a ruiva e que ele não enviou

Mover-me rápido, intensamente, não me cansa muito. O que me cansa são as ausências. Sou metade humano, metade dínamo; eu troquei meu coração por um opala 77, mas o opala bebe demais e meu fígado andou reclamando.

Meu coração, está meio chamuscado, mas ainda consegue bombear energia para ações concretas. E concreto consegue definitivamente erguer barreiras que não se permitem rachaduras do passado.

O passado não desagrega nada. É o porvir, a expectativa do futuro que enferruja o presente.

Andar muito não cansa tanto. O que cansa é não ter alguém para compartilhar os sabores dos caminhos. Estar apaixonado é um devir, não um porvir. Estar apaixonado é manter a mudança. Estar sozinho alimentando o porvir é suicídio parcelado. A solidão é o devir em movimento. Estar sozinho é na verdade uma reunião forçada entre as partes diferentes que habitam uma mesma pessoa-persona.

Recarregar energias é algo natural. Mas(...) [rabiscos simultâneos]

(Continuação, rasura)

Você deve entregar o pacote na caixa de correios do destinatário da carta anterior. Eu não aceito um não como resposta, pois eu já esperei demais reaver metade das minhas coisas, e elas você sabe muito bem, cabem aí dentro de uma caixa de correio tamanho padrão(ia usar seu coração, mas é um recurso de estilo ultrapassado, assim como corações grandes e confortáveis modelo 77). Não quero ficar com ninguém ruiva. Ninguém em especial. Quero dançar ao som da música. E a música diz: voe, voe. Sinta-se assim e verá o quão longe(ou fundo) poderá realmente atingir. É um risco. Grande. Perigoso. Mas tem gente que se acostuma e consegue plainar sem acelerar, vez ou outra.

Até ruiva. [rabiscos]

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