Em coma. Há seis meses que ele está em coma, sr. Voz grave. Falsa emoção de dor.
Um bom ator.
Como assim. Voltemos ao início. Eu tomei um whisky sem gelo com Nato. Ele recusou as pedras de gelo, o que habitualmente fugia do padrão. Eu demorei a perceber o que estava errado. Um telefonema. Dois telefonemas. E aí eu cheguei no hospital de St. Mary. Eram doze horas. Estava claro. E eu tinha uma coca-cola gelada numa das mãos e um amigo em coma.
Tudo estava meio branco. As paredes do consultório, do hospital, os uniformes, o pipoqueiro na saída do prédio e metade da folha de ofício que eu guardara no bolso esquerdo da calça jeans.
O teto não. O teto era bege.
Nato perdeu-se. O doutor explicava, usava metáforas(e o puto era bom de metáforas), me pedagogizava, me educava, castrava meus instintos, em prol de uma explicação objetiva. Os fatos estavam dados. Um amigo em coma, uma conta grande para pagar, um leito sem fiador.
Eram caminhos para o xadrez. Podiam aliás, pintar o leito de xadrez. Combinaria com Nato.
Nato era um homem sincero, meia idade, costumava bebericar nos finais de semana em pontualides britânicas. A rotina, a realidade conseguiram o chatear. E o que você faz com o que lhe chateia. Pede mais duas pedras de gelo e diz foda-se para o mundo.
Mas Nato conseguiu ir além. Quer dizer. O além ainda não era parte de Nato. Faltava mais um ou dois pontos antes do purgatório.
Eu brincava com o anel da latinha de coca-cola, sacudia os ombros e via Nato cheio de parafusos, mangueiras e aparelhos respiratórios. A vontade que eu tinha era levar o puto para um bar. Até sorri, quando imaginei Nato tomando um martini numa quinta a tarde com meia dúzia de catéters pendurados no corpo.
Nato. Homem que resolveu sonhar.
Tudo começou num poema. Este era o poema.
...
.....
.......
Mas poemas e sonhos eram todos iguais.
Resolveu não dormir mais.
No início apenas força de vontade. Após, estimulantes.
Cafeína. Anfetaminas, derivados do tipo.
Caía em si. Era um beat generation deslocado do tempo. Era a vez da yoga e da meditação. Apeasr do que não conseguiria forçar gravitações aleatórias.
Randômico.
Resolveu não acordar mais. Dormir era melhor do que sonhar. Por que no mundo de orpheu não haviam opressivas leis da gravidade.
E pensou ser melhor, enquanto Vasilli dormia, profundamente o sonho dos incautos.
Um bom ator.
Como assim. Voltemos ao início. Eu tomei um whisky sem gelo com Nato. Ele recusou as pedras de gelo, o que habitualmente fugia do padrão. Eu demorei a perceber o que estava errado. Um telefonema. Dois telefonemas. E aí eu cheguei no hospital de St. Mary. Eram doze horas. Estava claro. E eu tinha uma coca-cola gelada numa das mãos e um amigo em coma.
Tudo estava meio branco. As paredes do consultório, do hospital, os uniformes, o pipoqueiro na saída do prédio e metade da folha de ofício que eu guardara no bolso esquerdo da calça jeans.
O teto não. O teto era bege.
Nato perdeu-se. O doutor explicava, usava metáforas(e o puto era bom de metáforas), me pedagogizava, me educava, castrava meus instintos, em prol de uma explicação objetiva. Os fatos estavam dados. Um amigo em coma, uma conta grande para pagar, um leito sem fiador.
Eram caminhos para o xadrez. Podiam aliás, pintar o leito de xadrez. Combinaria com Nato.
Nato era um homem sincero, meia idade, costumava bebericar nos finais de semana em pontualides britânicas. A rotina, a realidade conseguiram o chatear. E o que você faz com o que lhe chateia. Pede mais duas pedras de gelo e diz foda-se para o mundo.
Mas Nato conseguiu ir além. Quer dizer. O além ainda não era parte de Nato. Faltava mais um ou dois pontos antes do purgatório.
Eu brincava com o anel da latinha de coca-cola, sacudia os ombros e via Nato cheio de parafusos, mangueiras e aparelhos respiratórios. A vontade que eu tinha era levar o puto para um bar. Até sorri, quando imaginei Nato tomando um martini numa quinta a tarde com meia dúzia de catéters pendurados no corpo.
Nato. Homem que resolveu sonhar.
Tudo começou num poema. Este era o poema.
...
.....
.......
Mas poemas e sonhos eram todos iguais.
Resolveu não dormir mais.
No início apenas força de vontade. Após, estimulantes.
Cafeína. Anfetaminas, derivados do tipo.
Caía em si. Era um beat generation deslocado do tempo. Era a vez da yoga e da meditação. Apeasr do que não conseguiria forçar gravitações aleatórias.
Randômico.
Resolveu não acordar mais. Dormir era melhor do que sonhar. Por que no mundo de orpheu não haviam opressivas leis da gravidade.
E pensou ser melhor, enquanto Vasilli dormia, profundamente o sonho dos incautos.
(melhoramentos virão)