sexta-feira, 18 de maio de 2007

Eu lírico em dia de fúria

Eram muitos rascunhos. Eu estava atolado de rascunhos, entulhos poéticos que não me servem de nada!, eu gritei! Nada estão me escutando!, gritei na janela para metade dos vizinhos ouvirem.

Um gato fugiu. Preto, esquálido, deve ser mau agouro! Mau agouro! Pensei com meus botões. E eu estava de pijama...

Todo homem tem seu vício. O meu é de beber cervejas e escrever contos. Alcoolizo-me e ponho a beber. Cada homem, cada mulher, cada alienígena com seu fardo, com sua cruz! Converso com meus personagens(é mentira) a noite inteira, xingo minhas vozes interiores(continua mentindo...) e me faço poético como um bom fingidor que sou(parafraseando Fernando Pessoa para demonstrar erudição literária).

Onde estão os espelhos. Chega de coisas tortas(chegando na fase terminal...). Chega, vamos ser diretos. Chega de espelhos. Chega de metáforas escrotas. Queremos ser diretos. Nós os leitores clamamos por coisas mais fáceis. Chega de escritores sofredores. De palavras incompreensíveis que só os mesmos entendem. Chega de citações arrogantes, que nos fazem perder alguns minutos em buscadores enciclopédicos a procura de seu significado. Cortázar, Saramago, Pessoa... que se vão todos! Que morram entupidos com suas galhafas(esta palavra ele inventou) poético-acrobáticas.

Não grite, não gritem, é só um espasmo, eu não quis ofendê-los, quero apenas torturá-los, matá-los aos poucos com seus próprios venenos! Não me venham com músicas! Chega de artistas. O mundo está cheio deles. Façam como Kafka, rasguem tudo o que escrevi. Não há felicidade na desgraça alheia.

Cansei. É uma pena. Vou descer e comprar veneno.

E isso tudo por um chute na bunda. Agripino era mesmo um bosta-rala, como diziam seus inimigos da academia

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