Fazer algo diferente é difícil.
Tente recondicionar um rato de laboratório. É como Vasilli sentia-se ao sair, ao entrar, ao sair novamente do metrô, da fila da comida, das noites com muita vodka, médias angústias e pouca imaginação.
Olhava-se no espelho e não se encontrava. Ainda restava esta incógnita, ávida por situações limites, pois sim, pois bem, é fácil prever o comportamento de um ou dois ratos, caminhando sinuosamente por labirintos de silício ou concreto, pois bem...
A dificuldade, e toda dificuldade humana obrigatóriamente caminha junto com uma reconstrução radical de si mesmo, está em prever algo que não tem uma estrutura definida, uma base sólida, um "vir a ser" contido em uma trajetória bem definida, o vetor colégio-faculdade-filhos-família-fim-de-festa.
Não ter uma estrutura definida, ou bem melhor, não ter nenhuma estrutura, requer culhões ou atrevendo-me a heterofobia, um útero que acalenta um ódio constante de si mesmo e que obriga sem condições a exterminar-se todos os dias. Quem recomeça pode usar o ódio como metáfora, apesar de saber que não é ódio o que se sente, mas necessidade imperativa de fragmentar-se. O esporte é catar cacos. Juntá-los. E recomeçar. É o eterno retorno. Como o mito de Sísifo, como só Nietzsche e Camus compreenderam.
Pois a vida, a vida dos desajustados, é um devir, uma passagem, onde o objetivo não é chegar nas estações, não... isto é coisa de gente equilibrada, gente que olha para trás com uma nostalgia cheirando a hambúrger de gordura na chapa, vestindo um emprego classe-média de quatorze horas por dia.
Gente torta gosta de andar na corda bamba, de mover-se entre o circo e o abismo. De renovar uma desesperança nas esquinas da vida. Porque ao contrário do conhecimento enciclopédico do colégio de fim de semana, a desesperança é uma face do problema, a desesperança move, impele Vasilli a ação. A desesperança tem de dar tesão de explodir convenções e laboratórios, senão é covardia.
O absurdo do mundo, do sujeito, da identidade assassinada pela má convenção, obriga e impele ao assassínio das heteronomias.
A reconstrução radical do sujeito, impele o convívio brutal e nem sempre harmônico da esperança e da desesperança, do amargo, do suave, do contraditório, da policausalidade.
Continuo na função de espelho. Olha e detesta-me quem quer.
Tente recondicionar um rato de laboratório. É como Vasilli sentia-se ao sair, ao entrar, ao sair novamente do metrô, da fila da comida, das noites com muita vodka, médias angústias e pouca imaginação.
Olhava-se no espelho e não se encontrava. Ainda restava esta incógnita, ávida por situações limites, pois sim, pois bem, é fácil prever o comportamento de um ou dois ratos, caminhando sinuosamente por labirintos de silício ou concreto, pois bem...
A dificuldade, e toda dificuldade humana obrigatóriamente caminha junto com uma reconstrução radical de si mesmo, está em prever algo que não tem uma estrutura definida, uma base sólida, um "vir a ser" contido em uma trajetória bem definida, o vetor colégio-faculdade-filhos-família-fim-de-festa.
Não ter uma estrutura definida, ou bem melhor, não ter nenhuma estrutura, requer culhões ou atrevendo-me a heterofobia, um útero que acalenta um ódio constante de si mesmo e que obriga sem condições a exterminar-se todos os dias. Quem recomeça pode usar o ódio como metáfora, apesar de saber que não é ódio o que se sente, mas necessidade imperativa de fragmentar-se. O esporte é catar cacos. Juntá-los. E recomeçar. É o eterno retorno. Como o mito de Sísifo, como só Nietzsche e Camus compreenderam.
Pois a vida, a vida dos desajustados, é um devir, uma passagem, onde o objetivo não é chegar nas estações, não... isto é coisa de gente equilibrada, gente que olha para trás com uma nostalgia cheirando a hambúrger de gordura na chapa, vestindo um emprego classe-média de quatorze horas por dia.
Gente torta gosta de andar na corda bamba, de mover-se entre o circo e o abismo. De renovar uma desesperança nas esquinas da vida. Porque ao contrário do conhecimento enciclopédico do colégio de fim de semana, a desesperança é uma face do problema, a desesperança move, impele Vasilli a ação. A desesperança tem de dar tesão de explodir convenções e laboratórios, senão é covardia.
O absurdo do mundo, do sujeito, da identidade assassinada pela má convenção, obriga e impele ao assassínio das heteronomias.
A reconstrução radical do sujeito, impele o convívio brutal e nem sempre harmônico da esperança e da desesperança, do amargo, do suave, do contraditório, da policausalidade.
Continuo na função de espelho. Olha e detesta-me quem quer.
2 comentários:
uau!
(nada mais a dizer)
espelhos são desconfortáveis.
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