terça-feira, 2 de setembro de 2008

Parábolas

Eu me contento com pouco.

Mas quando vejo as linhas que sobem ao infinito, sempre me pergunto por que diabos fui nascer parábola.

Início, meio e fim.

Sou uma fórmula de redação de vestibular; mas pelo menos, sei de que costura foram fiadas as teias da minha vida.

Tudo o que começa sempre acaba, dizem os filósofos de esquina.

E eu tenho a incrível mania de recomeçar, de recomeçar todos os dias.

Mas eu nem comecei a sentir o gosto, e já vejo e percebo o horizonte que se acaba. Acaba não por mim, pois se o mundo dependesse da minha vontade, algumas montanhas já teriam sido movidas e muitos palácios ruiriam e decerto minha solidão se converteria em uma boa e oportuna companhia.

Viva o momento, intensamente o momento dizem outros. Mas de sensação efêmera o mundo já está saturado, eu quero um pouco de permanência para afastar a presente impermanência da minha vida.

Quero uma história com um fio condutor. Eu quero um momento de felicidades sem dias contados para terminar.

Eu quero permanência... e um pouco de sorte, e isto não é pedir muito. E eu nunca peço muito do mundo.

Acabei desconfiando, ou exigindo, talvez para me enganar do meu destino jocoso que o permanente é o efêmero fossilizado, mortificado. E que a impermanência que me cerca pode ser saudável. Talvez.

Adoro me enganar.

E eu recomeço... Recomeço e me ponho a caminhar, impermanente como uma cena de metrô, todos os dias.

2 comentários:

Anônimo disse...

O que será que sempre nos faz recomeçar?
Sempre recomeçar, sempre sem lembrar da perda de esperança no recomeço.

Eliza (Biii) disse...

Esse seu texto me fez pensar nas minhas permanências e impermanências também, me fez pensar no meu formato, nos meus fios condutores, nos meus efêmeros fossilizados, nos horizontes, nos gostos das coisas, ...
Aff (que deveria ser "enfim")! Me fez pensar.