sábado, 27 de setembro de 2008

Anninka nas estações

A vida de Anninka não tinha mais sentido.

Ela achou ingênuamente que o sentido se revelaria diante do caos de sua rotina. Diante do ônibus, do amor perdido, da paixonite de final de semana, do emprego que nunca chegava...

Mas o sentido não desabrochou com a primavera, e ela virava cada vez mais adubo.

Quando o cinza tomou conta do céu, os viadutos e os remédios proibidos pelo terapeuta ficaram cada vez mais atraentes. E Anninka, pensou em dar um sentido para a vida na morte.

Joana e Krist ficaram preocupados, pois gente fria em país quente é garantia de resfriado ou de suicídio.

Os pulsos de Anninka ganharam uma pulseira verde-marrom e o sentido mudou em cada estação.

O mundo continuou e o adubo da primavera foi comprado na banquinha de flores mesmo.

Um comentário:

R.R. disse...

Cara, eu adoro a maneira "sutil" que você utiliza para descrever os sentimentos, pensamentos e situações.