segunda-feira, 4 de maio de 2009

A hora que nos vence

A hora nos vence. Os ponteiros nos dobram.

A falta de luz então nos derrota, assim, como num comentário que nem tentou ser poético, mas foi. Foi sem saber, e só soube quando da rotina alguém escutou e guardou aquilo ali: a poesia, os ponteiros dobrados, a hora vencida, que aquilo tudo, aquele todo incoerente, enfim fez sentido.

Foi assim, naquele terceiro trago, depois da pigarreada sutil, mas estúpida, que ele dobrou a poesia, guardou no bolso, tomou a rotina, e foi ali, foi além, ali onde apenas a cerveja fazia sentido.

Ele, de cabelos e de vontade mais curtos, completamente desgrenhado de valores, permitiu na pior quinta-feira do ano, sentir saudade e tensão.

Comia ansiedade, mastigava a angústia no canto da boca daquele siso que doía; seus pés não paravam de tocar uma bateria imaginária, e as mãos irriquietas tamborilavam a mesa, cheia de papel-carbono e situações limítrofes.

Dependente.

E aí, bem ali, na frente dos ponteiros dobrados algo se revelou, e ele acordou, assim sem poesia.

- Próximo! Pró-xi-mo!

Três horas da tarde, logo logo, este banco maldito fecha.

E os ponteiros, vão me dobrar.

2 comentários:

Fernando Beserra disse...

huauha

como é terrível
uma bela imagem terrível
a identificação dói,
a ausência dói em dobro..

Fernando Beserra disse...

Eu fiquei pensando..

talvez o pior - e talvez o melhor - de sair de determinado tempo é que é impossível voltar do mesmo modo... o pior é adaptar-se novamente, missão para o Rambo...

o pior são os tratores...