Você é responsável pelo seu mundo. Não podemos ficar neutros num trem em movimento. Algumas pessoas acreditam que "nada mudará", que a pobreza existe "desde que o mundo é mundo" e que a mudança política e social independem da sua ação. Cada pequeno passo é um acontecimento, cada peão que reage a opressão desencadeia o prisma da mudança, cada sem-terra assassinado, cada ser humano massacrado, vilipendiado é produto direto de nossa passividade e ignorância. Ou agimos como solitários em faroleiros(escondidos atrás de luzes vindas do alto) ou tomamos consciência de que somos uma classe, estamos(somos) oprimidos e temos de reagir.
Cotovia de Stephen ou seria "somos responsáveis pelo nosso mundo"?
A cotovia-da-Ilha-Stephen (Xenicus lyalli) era uma ave passeriforme não voadora da família Acanthisittidae, que vivia exclusivamente na Ilha Stephen, no Estreito de Cook e que se extinguiu em 1894. A Ilha Stephen, com apenas 2,5 km2 de área, foi a distribuição geográfica mais reduzida registada para uma espécie de ave.
A cotovia-da-Ilha-Stephen era uma ave de pequeno porte, com cerca de 10 cm de comprimento. A sua plumagem era de cor verde-azeitona, salpicada de pontos amarelados no corpo e riscas da mesma cor nas asas. O vago dimorfismo sexual da espécie manifestava-se pelo facto de as fémeas serem de cor mais baças. O bico curto e as patas altas eram castanho-claro. As asas tinham cerca de 4,5 cm de comprimento e demasiado reduzidas para permitir o voo. A cotovia da Ilha Stephen era o único membro da ordem Passeriformes que não conseguia voar.
Pouco se sabe a respeito dos seus hábitos para além de que era um animal crepuscular, mas a sua trágica extinção está bem documentada.
Originalmente, a cotovia-da-Ilha-Stephen estava distribuida por toda a Nova Zelândia, incluindo Ilha do Sul e do Norte. A chegada dos Maori há cerca de 1000 anos atrás provocou perturbações no ecossistema das ilhas e teve um impacto negativo na biodiversidade das ilhas com a extinção de várias espécies, por exemplo a moa. Para a cotovia-de-Stephen, não voadora, o factor decisivo foi a introdução do rato-do-pacífico (ou kiore), uma espécie invasora que dizimou as populações desta pequena ave. Pouco tempo depois, a cotovia extinguia-se em 99% do seu habitat original, conservando-se apenas na diminuta Ilha Stephen, desconhecida do mundo científico. Em 1893, foi instalado um farol na ilha, que passou a ter pela primeira vez ocupação humana. Com o faroleiro David Lyall chegou um gato doméstico chamado Tibbles, apenas um mas o suficiente para provocar uma hecatombe. Ao longo dos meses seguintes, o gato caçou e matou todas as cotovias, que como não voavam, não lhe conseguiam fugir. O gato trouxe várias das suas presas ao dono, que achou graça aos passarinhos e vendeu cerca de nove corpos ao Barão Walter Rothschild, um ornitólogo que os identificou como espécie única. Era tarde demais, pois a voracidade do gato já tinha feito o seu trabalho.
A extinção das cotovias-da-Ilha-Stephen passou à margem da opinião pública na altura e a única polémica que está associada à espécie é uma acesa discussão entre Lord Rothschild e Sir Walter Buller (outro ornitólogo) sobre os direitos de prioridade na sua descrição. Houve num entanto um jornalista neo-zelandês que comentou na sua coluna que, de futuro, os faroleiros deviam ser proibidos de ter gatos.
O desaparecimento da cotovia da ilha Stephen é o único exemplo de uma extinção resultante das ações de um único indivíduo. Curiosamente, um felino e não um humano.
Pequenas ações, grandes reações, lembre-se disto.
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